quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O conselheiro que toda cidade gostaria de ter

Entre a verdade e a ficção, que tal um pesquisa? Um pouco mais de Antônio Conselheiro, mais um sujeito tipicamente brasileiro. Cearense de Quixeramobim, provavelmente nascido em 1830, o beato é nativo da história do país!

Saudações, Conselheiro!

Conto enviado por Andressa Rocon.

Aproveite!

___________________________________________


Imagem de "Os Sertões" - Euclides da Cunha



Antônio Conselheiro foi um líder importante na Cidade de Canudos

De Conselheiro muitos diziam que Antônio não tinha nada mas, como nos dias de hoje, não é possível agradar a todos, Naquela época a situação não era diferente.  Antônio Conselheiro foi um importante líder comunitário da cidade de Canudos, na Bahia.  Poucos sorrisos o acolhiam e, pela manhã, seguia a rotina sem se preocupar com a opinião das pessoas. 
Os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram recebidos de braços abertos por Conselheiro. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um "lugar santo", segundo seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero começaram a perceber que o poder estava sendo ameaçado pelo líder, e começavam a se articular em busca de "solução". Fizeram de tudo para que Conselheiro deixasse Canudos.
Quem via Antônio naquele estado de solidão não imaginava de todo seu sofrimento e das idéias mirabolantes que lhe passavam à mente. Antonio Conselheiro fazia parte de uma banda: a maioria na cidade era contra, alguns diziam que pertencia a algo satânico e que no local em que se apresentassem a má sorte reinaria.  
Antônio se desintegrou da banda. O afastamento trouxe problemas à cidade, as pessoas agora realmente começavam a acreditar na tal má sorte, dessa vez na certeza de que da separação viria à tona os problemas. A cidade sempre fora muito unida e organizada, no momento encontrava-se totalmente desestruturada. Não é para menos, o líder compreendia cada ponto da cidade, entendia cada pessoa e, certamente, a ausência de Conselheiro seria um dos motivos da desordem.
Passava horas a dialogar com aqueles que necessitavam conforto.  Coisas insólitas começam a aparecer, as pessoas que julgavam Antônio Conselheiro não admitiam que era figura essencial em Canudos e até nos problemas políticos o envolveram.

Reencontro
Um reencontro era preciso, o pensamento de que o líder comunitário  tinha de voltar já estava encaminhado. Mas em que lugar estaria o homem que tanto fez pela cidade e muitos não deram valor? Onde reencontrá-lo? A banda também sentia falta.
De longe se aproximava um homem cuja aparência parecia com a de Antônio Conselheiro. A banda rapidamente se apressou: vestiram os uniformes e pegaram-se os trompetes. De cabelos curtos e sapatos nos pés, o homem usava um terno amarelo e calça marrom. Quem via pela primeira vez não imaginava o que aquele homem havia feito pela cidade.
 Ele vinha ao encontro e carregava uma expressão triste. A banda não se conteve e os músicos correram para abraçá-lo. Ele, no entanto, assustado, não deu muita importância e os componentes da banda ficaram indignados com a recepção. O homem confuso não entendia a quem eles declaravam tanta paixão. Chamavam-no por Conselheiro: "Conselheiro!". Após os gritos, o homem entendeu de quem tratava e explicou que veio trazer a notícia de que Antônio Conselheiro havia se enforcado. A banda não se conformou e acreditava que a Cidade de Canudos também não se conformaria.
            Em um mundo evoluído, globalizado, dotado de tecnologias que se alteram todos os dias, muitos ainda não acreditam no valor que tem as pessoas, e muitas vezes não dão importância. Canudos viveu esse episódio, a velha frase, mas não menos importante “As pessoas só dão valor quando perdem”, remete a ideia. A falta de um Conselheiro em Canudos tornava-se algo de necessidade, o que no entanto, era tarde demais.



Autor: Andressa Rocon



Seja sócio da Adega

Nenhum comentário:

Postar um comentário