terça-feira, 2 de novembro de 2010

Selva de borboletas

Sabores de amor, com essência de paixão.

A Adega deseja belos dias!

Cordialmente,

_______________________________




Eis uma das definições de um dicionário qualquer para hiato: fenda, ou seja, uma interrupção entre duas coisas, onde não acontece nada muito incrível, nada que valha a pena contar. Até a parte da “fenda”, tudo ok, mas o resto é por minha conta e antes que qualquer sujeito venha fazer oposição ao pensamento, já digo que discordo. E Discordo com “D” maiúsculo e Propriedade. Cheguei primeiro. Agora vamos ao romantismo barato que ninguém vai querer ler mesmo...
Sabe aquela vidinha sem graça, sem adrenalina, que não dá muita história pra contar, que quando você pensa nela acaba dormindo antes de chegar na metade e aí nunca entende muito bem o que aconteceu? Pois é, eu também não sei como é isso. Mas mesmo entre um mundaréu de acontecimentos, sempre tem aquele que ninguém dá nada, e que no final te faz pensar em como as coisas podem ser ainda melhores na vida. Como no caso do menino de óculos de fundo-de-garrafa que senta num canto da frente da sala de aula e que, quando ninguem mais se lembra dele,  vira o maior cientista da NASA.
Foi mais ou menos por esse hiato que começou minha historia. Não sei de qual santo veio, mas como essas crendices todas não enchem muito meus olhos, eu acho que alguém convocou uma reunião num mundo paralelo qualquer por ai, juntou todo mundo e foi criada uma conspiração. Porque só dessa forma pra se explicar uma paixão mais repentina que criança comendo areia da praia: você pode até tentar impedir, mas todo mundo sabe que é impossível.
Vou ser fidedigno aos fatos: nos conhecemos, conversamos, rimos, brincamos, nos abraçamos, andamos de mãos dadas, fomos ao cinema, saímos novamente, e saímos de novo, e de novo. Enfim, estivemos juntos em diversas ocasiões, mas como todo casal da moda que se preze e todo artista super-solicitado, estávamos “nos conhecendo”. Mas depois veio o fato: aconteceu o que acontece com todo casal que está feliz, e com todo casal que conversa e ri.
Namoramos. Exatamente isso, e veja só, que interessante... Penso que se eu estivesse lendo com outras dez pessoas ao meu lado, nem nove pessoas e meia entenderiam que justamente essa simplicidade toda é o que nos causa o fascínio, torna as coisas mais interessantes e o colorido mais colorido. Até o preto fica mais preto e o brando, mais branco.
Eu sei que é tudo uma grande besteira, que eu já perdi meu tempo escrevendo e você o seu, lendo. Mas valeu a pena, cada minuto e segundo que estivemos aqui; porque um dia, meu amigo ou minha amiga, você vai lembrar de mim e vai cantarolar os versos da canção. Tudo isso só porque vai acabar de perceber que “é impossível ser feliz sozinho”. As coisas só não acontecem para quem não sabe ver, o hiato é relativo e só existe se você criá-lo, assim como o bicho papão e o velho do saco. Borboletas são lindas só por existirem. Elas são capazes de dar beleza a um dia cinzento, ou luz na escuridão gris da tristeza. E os meus momentos, todos eles, são borboletas.
Ah, lembrei de uma coisa: hiato vem do latim, hiatus, que significa “boca aberta”. Pensando dessa forma, eu tenho ainda mais certeza sobre a escuridão das coisas que nunca pretendo entender, porque toda vez que eu olho para o lado, é esse efeito que eu sinto, o queixo cai. E isso já é mais que o bastante para tudo que eu poderia pensar em dizer. Ela, sempre ela.




Autor: Jorge Pedrosa



Seja Sócio da Adega

2 comentários: