terça-feira, 14 de setembro de 2010

Edervais

Aproveitando o período do horário eleitoral, segue o primeiro sabor exclusivo da Adega. Apreciem com moderação.

Saúde!
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TV de 52 polegadas, tecnologia LED, coisa fina. A melhor do mercado, com imagem em alta resolução, sinal de alta definição, Blu-ray acoplado, som estéreo, um autêntico cinema em casa. É tudo de mais pra ver esse tal de horário eleitoral aí. Mas ainda mantenho minha palavra, com o horário ou sem horário: se ela servisse comida, eu juro que casava, mas isso fica pra depois, vamos ao que interessa. Costumo manter uma observação atenta a todos os tipos de mensagens que me são apresentadas, mas não entendo por completo como funcionam as coisas pra esse pessoal, ou talvez eu nem entenda nada, mas penso que entendo alguma coisa, mais ou menos igual ao Ederval, que é meio confuso, mas no final dá algum resultado. Fico olhando as promessas, as caretas, a seriedade, e cada figura que vai aparecendo... Será que é tudo sério mesmo? Eu não apostaria a sola de um sapato, nem pro sim, nem pro não. Isso porque todo mundo pede pra entrar na casa dos outros e pedir isso, pedir aquilo outro na maior educação, fala que é amigo, promete e não cumpre, mas isso todo mundo sabe. Aí depois vem a propaganda e diz que quem manda é o eleitor, que ele pode escolher e aquele blá blá blá todo que quase se torna uma analise social-antropológica das relações de poder através dos tempos dentro da cabeça de um condenado qualquer, mas dos meus. Hahaha, essa sequência de candidatos foi ótima, adoro show de humor! Foi mal, me desliguei, voltando ao assunto, pelo menos no meu círculo de amigos, as discussões caminham por aí, nessa coisa mais intelectualizada. É que a gente percebe as coisas como elas realmente são, ou seja, a gente faz o básico, pensa!

Até acho que muita coisa é coisa que vai surgindo na minha cabeça, talvez fruto da velhice, ou do ócio mesmo. Quando encontro uns amigos ao acaso assim, entramos em discussões fervorosas porque ninguém quer falar de comida, brincadeira, filhos, casa, essas coisas todas do nosso mais do mesmo cotidiano. Agora tenta acompanhar minha linha de raciocínio: Imagina se meu melhor amigo Ederval vai a um restaurante daqueles ali da esquina e pede um Prato Feito. Aí no lugar do arroz, vem berinjela, no lugar da berinjela vem vagem e no lugar da batata vem abobora com carne seca. O que ele ia fazer? Rodar a baiana e trocar de prato. Por mais que fosse bizarro e engraçado o Ederval de baiana, estou certo que ele estaria coberto de razão. Mas aposto uma língua mais a sola de qualquer sapato que se fosse num restaurante chique desses cheio de gueri-gueri a história ia ser outra. É um fato que seria a parte versa do vice.

Opa, olha esse aí, parece que tá querendo bater em alguém. Coitado, ainda não aprendeu a tênue diferença entre o respeito, a admiração e o medo... Ah, se um dia acontecesse de eu poder ver o Ederval e alguns amigos dele, ou até uns primos tendo que debater uns assuntos pré-selecionados por um primo meu. Ia ser como um passeio ao zoológico: parece que é legal, mas na verdade o que você vê é um amontoado de bichos perdidos, sem o que fazer olhando pro nada esperando a hora da comida. Exceto o leão, que ganha massagem todos os dias só porque tem juba. Eu sei que estou devaneando um pouco, mas o ponto a que quero chegar é que, como pode gente que nem o Ederval decidir alguma coisa sobre o futuro de alguma coisa, porque se nem votar eles conseguem, imagina pensar, decidir... É a mão dele que arruma a cama dele, ó céus! No ano de 2010 teremos 7% a mais de votantes na eleição, com 135,8 milhões de brasileiros aptos a votar, ou seja, nunca pôde-se esperar tanta trapalhada desde os tempos dos trepidantes trapalhões.

A antítese do amor
Ao mesmo tempo que me divirto com isso tudo, sinto uma enorme pena desse povo tão alegre e tão causador de sorrisos e que se acha tão avançado e que... Que pena que já ta acabando, porque a novela vai começar e o Ederval me chama já já, e só vê novela comigo. Talvez ainda dê tempo de contar uma coisa: sabe com o que eu fico mais pasmo? Quando eu fico em pé, tem gente que olha pra mim sorrindo e fala, “Ah, mas que bonitinho, parece até gente!”. Antes eu mordia uns calcanhares, mas hoje nem ligo mais. Eu sou um Pincher, pô, cachorro de raça tem que ser respeitado! Gente, gente, vê se pode...

- Rex, fiu fiu, Rex, vem, Rex!
Fiquem sabendo que eu amo os seres humanos, mas fazer parte do mundo deles seria de mais pra mim, ou de menos, ainda estou me decidindo quanto a isso. Certo é que eu prefiro mesmo o meu mundo animal. É mais seguro, menos complicado e não precisa de tanta coisa numa TV, só uns galetinhos circulando lá dentro já me bastariam. Agora vou cuidar do meu bicho, que pode não ter lá tanta inteligência e perspicácia, mas gosta de mim o mesmo tanto que eu gosto dele e ainda limpa cocô que é uma beleza!


Autor: Jorge Pedrosa

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5 comentários:

  1. CONCIÊNCIA POLÍTICA AÊ...

    EDERVAIS !!!!


    P.S: TO VICIANDO NISSO AQUI...UHAUHA

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  2. Agora eu vi!! Por mais que a crônica de estreia fosse perfeita, quero ler as suas! :)
    Parabéns, Xuxu!
    Karina Porto Firme

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  3. Você é muito forte não vou dar conta. Sínico com força.

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  4. Ótima crônica de estréia! "Ah, parece até gente" grande escrevendo assim! Sua ironia me faz refletir.

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  5. Tenho uma cronica parecida por causa do final..
    se quiser publicar ta em: http://gritoliterario.blogspot.com/2008/06/ltimo-amor.html

    parebens pelo blog, um dos mais aconchegantes que ja visitei

    Saludos,
    VITIN

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