quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Que Delícia!

Miopia ou delírio nostálgico? Fome ou vontade de comer?

Dúvidas?

À mesa, mais uma delícia!

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Aleluia!
19h, tá na hora de bater o cartão e ir embora.
Depois de um longo dia de trabalho, tudo que queria naquela sexta-feira era sair dali e tomar um bom chope com os amigos. Mais tarde era outra coisa...
Antes disso, a fome era tanta que no trajeto entre o serviço e o ponto de ônibus me obriguei a entrar em um bar e pedir coxinha com fanta laranja. Nossa, que fome.

Olhando aquele delicioso e suculento salgado cheguei a aguar. Pedi logo duas. Saí do bar rasgando o salgado entre os dentes e em seguida uma golada do refrigerante. Dizem que homem não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, no quase chegamos bem perto. Até quase três: olhar futebol na Tv, gritar gol e trocar de canal pra ver o replay.
A hora estava passando e tinha marcado com o pessoal no Bar do Tutu às 20h30. Aumentei os passos e fui logo para o ponto esperar o ônibus. Caminhando alguns metros, de longe avistei muita gente esperando a condução. Logo pensei: quer ver como todo mundo tá esperando o 518?! Semana que vem vou pedir aumento e nem que seja um fusca, hei de comprar.

Nossa, muita gente mesmo! De repente, entre tudo e todos, avisto uma persona. Acho que a conheço de algum lugar. Quem seria? Não tô me lembrando. Uma linda mulher, linda mesmo, daquelas de parar o trânsito.

Meu avô dizia que minha avó também era de parar o trânsito, e ainda é! Cada vez que vai atravessar uma longa avenida leva pelo menos cinco minutos. Mas aquela mulher era diferente, bem vestida, de longas madeixas, boca carnuda, seios fartos e pernas exuberantes, ah que mulher. Já a desejava sem ao menos saber seu nome e nem me lembrar de onde a conhecia.

Vagando em meus pensamentos e até meio distraído, quando me dou por mim ela estava a me olhar. Assim como eu a olhava. Parecia que lia meus pensamentos e também se perguntava de onde me conhecia. Olhava-me séria e eu a olhando firmemente quando... Já sei. É ela!!! Puxa como tá diferente. É a Milene.
Milene e eu estudamos juntos, acho que foi em 83. Tirei uma "casquinha" dela naquela época. Apaixonada por mim. Era meio gordinha, mas tinha um rosto lindo e os seios - ah os seios. Até que eu gostava dela também, mas por influência dos amigos, se é que posso chamar de amigos, não quis nada com ela. Lembro-me como se fosse hoje, Milene chegou a falar que um dia rastejaria aos seus pés. Será que chegou o dia?

Apreciava sua beleza em meio aquela multidão e não pensava em mais nada. Como podia ter deixado de ficar com um mulherão desses e me casado com minha mulher. Quando nova era linda, mas agora...barbaridade. Se quiser saber como sua mulher ficará no futuro observe a mãe dela. Certamente anos depois você vai me entender. Feliz ou infelizmente Milene fez o caminho contrário: de gordinha a mulher furacão.

Milene não conheceu os pais. Viveu em um orfanato e saiu de lá com quatro anos de idade. Depois foi criada por uma família. Não haveria como saber se ficaria igual à mãe. Mas se tornou uma mulher formidável.
Oba! Lá vem a condução. E, como imaginava, aquela massa fez o alvoroço para subir no ônibus. Eu que não sou bobo já corri onde sempre a porta de entrada para, em frente à lixeira.
No momento que estou colocando o pé direito para subir, um outro pé, porém o esquerdo, avança na mesma hora. Já ia dar um chega pra lá quando olhei bem nos olhos do meliante e...era ela. Fiquei mudo e deixei-a passar no ato. A formosura subiu no ônibus e eu em seguida.

Ainda quase caí, pois a segunda coxinha que comprei estava numa sacolinha onde segurava com uma das mãos e a outra ficou tão suada que escapou do corrimão da porta.

Passando a roleta logo procuro onde Milene tinha se sentado e...um lugar vago ao seu lado. Respirei fundo, sentei, e só olhava para frente. Nem me mexia - igual o cabelo da Hebe.

De "rabo de olho" a saboreava. Que pele, que lábios, o decote... que pernas! Então finalmente tomei coragem e perguntei: Mileeene, quanto tempo! Lembra de mim? O Pablo. Ela olha no fundo dos meus olhos, pede licença, levanta-se e diz: Não. Meu nome não é Milene, para de ficar me olhando, me seguindo e tá na hora deu descer.

Nossa! Mesmo assim olhei-a caminhando no corredor. Que rebolado...
Que delícia!
E c
omi a segunda coxinha.




Autor: Gustavo Rosa



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